As ferramentas de Inteligência Artificial estão cada vez mais presentes no meu dia a dia como designer, diretor de arte ou diretor criativo. Mas como isso vai interferir nas tendências do próximo ano? E, além dessa influência, quais serão as outras trends do design em 2026?

1. O equilíbrio entre a tecnologia e o olhar humano

O ano de 2026 será marcado pela colaboração entre humanos e IA, segundo pesquisa realizada pelo Canva,  99% dos criadores afirmam já usar ferramentas generativas, e quase metade utiliza esses recursos diariamente. A tecnologia nos ajuda a testar ideias e acelerar processos, porém, o olhar humano é fundamental para criar projetos que se diferenciam no mercado.

Um exemplo desse movimento é a iniciativa da Nike, “AirImagination”, que convida as pessoas a criarem o tênis dos sonhos com auxílio da Inteligência Artificial. Para celebrar o Air Max Day, em 26 de março, o projeto dá a todos a chance de explorar a criatividade  e criar versões únicas dos modelos Air Max.

2. Gráficos animados com IA aprimorada

Com o auxílio da Inteligência artificial, a produção de motion graphics será mais ágil em 2026. Essa tendência se manifesta nos conteúdos audiovisuais com efeitos dinâmicos e transições suaves, sem a necessidade de animar manualmente cada detalhe.

Segundo Design Rush, um bom exemplo é o motion design do novo site do New York City Football Club, desenvolvido pela DD.NYC. As animações suaves criam uma experiência sofisticada e vibrante. Projetos como esse mostram como a IA pode apoiar agências e profissionais na criação de motion graphics com qualidade profissional.

3. Type Collage

A Type Collage é nada mais que a utilização dos tipos como elementos gráficos que viram texturas e dão ritmo ao design, com finalidade de criar layouts digitais que dão a sensação de artesanal, com recortes e colagens. Segunda o “2026 Design Trend Report by Kittl in collaboration with Savee”, o estilo reflete o caos dos feeds lotados com um toque de nostalgia. “Ao incorporar colagem na tipografia, designers transformam a linguagem em ruído visual. Nada limpo. Nada silencioso. Apenas expressão em volume máximo.”

Fontes sugeridas por Kittl & Savee:

• Helvetica Now

• Daft Sans VF

• Futura Now

• Hubot Sans
  
  

4. Punk-Grunge

O punk-grunge está de volta, resgatando as referências da cultura, essa tendência possui uma linguagem crua, áspera, barulhenta e orgulhosamente anti polida. Em 2026, iremos observar com mais frequência elementos como texturas de papel, recortes irregulares, grafite e linhas de marcadores. Essa  bagunça transmite honestidade.

Segundo o Design Rush, as características dessa tendência são:

• Tipografia desgastada ou feita a mão, com aspectos irregulares;

• Texturas em camadas e rasgadas, utilizando rasgos de papel, granulação e sobreposições de tinta spray;

• Paletas de cores de alto contraste, como preto, branco e neon;

• Layouts não convencionais, aplicando  elementos sobrepostos e molduras inclinadas que quebram regras visuais.
  
  

5. Revival neo-retro e grunge

Falando em retorno do punk-grunge, outra tendência para 2026 é o neo-retro e grunge. Misturando elementos punk e o street style dos anos 80 e 90, essa trend é marcada por texturas granuladas, adesivos, fontes de grafite e contornos marcados.

Um exemplo dessa tendência é a Red Bull, que reforça esse movimento ao utilizar uma linguagem rústica, com fontes distorcidas e sobreposições de caráter analógico. Mais do que uma estética, a trend também se manifesta em eventos de rua, como o realizado pela marca em setembro, em Porto Alegre.

6. Design 3D e realidade mista

No próximo ano, os designers irão utilizar elementos gráficos 3D e realidade mista para criar trabalhos mais dinâmicos, trazendo profundidade às imagens e imersão às publicações. Esse movimento reflete o aumento da busca por experiências de marca personalizadas, interativas e com maior carga emocional.

Um exemplo desta tendência é a utilização de modelos 3D e filtros de realidade aumentada pela marca de cosméticos Fenty Beauty. Os recursos são usados para visualizar produtos ou "experimentá-los" virtualmente diretamente pelo Instagram e Snapchat.

7. Anti-design

Tendência predominante pela Geração Z, é marcada pela utilização de visuais desorganizados e sem filtros, rejeitando a perfeição. Características da tendência são fontes conflitantes, layouts assimétricos, desenhos livres, imagens em baixa resolução e visuais DIY (Do It Yourself).

Em um mar de branding elegante e perfeição gerada por IA, a trend recoloca o humano no centro. É anti-digital — é pró-emoção. Uma resposta ao desejo atual por vulnerabilidade, autenticidade e designs que parecem feitos por alguém — não por algo.

Um exemplo deste movimento é a marca de moda Heaven by Marc Jocobs.

O futuro do design gráfico em 2026

Impulsionado pela tecnologia, pela personalização e por mudanças culturais, o design gráfico caminha para uma nova fase, combinando o uso de tecnologia com ideias criativas e inovadoras ao estilo disruptivo das novas gerações.

Neste cenário de transformação, as marcas que acompanham essas tendências conseguem se manter relevantes e competitivas. Combinar o uso de ferramentas de IA com o olhar humano, buscando personalização e experiências interativas, é o caminho para se conectar com públicos cada vez mais exigentes.

Escrito por Gabriela Berghahn Santana, Especialista em Design Gráfico.