Friday, 3 de August de 2012

Diário Catarinense localiza jovens vendidos para o exterior há 25 anos

A partir deste domingo (5), jornal publica série de reportagens Órfãos do Brasil sobre um dos episódios mais dramáticos da história contemporânea do país

A partir do próximo domingo (05), o Diário Catarinense publica a série de reportagens Órfãos do Brasil e joga luzes sobre um dos episódios mais dramáticos da história contemporânea do país: o tráfico de bebês.

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Duas décadas e meia depois, o Diário Catarinense localiza no Oriente Médio parte das crianças exportadas ilegalmente entre 1985 e 1988, cuja repercussão nacional provocou mudanças na legislação brasileira de adoção. A série de reportagens, que começa a ser publicada neste domingo (05), terá a duração de sete dias e mostrará como o DC conseguiu fazer o que as autoridades dos países envolvidos - especialmente o Brasil - não conseguiram até hoje: estabelecer laços entre mães e filhos vendidos.

Já neste sábado (04), estará disponível na internet um endereço especial: www.diario.com.br/orfaosdobrasil. O site traz um documentário emocionante, que mostra o reencontro virtual entre uma mãe e sua filha, intermediado pelo jornal. A página traz ainda uma gravação localizada nos arquivos da Justiça, com o resultado do grampo produzido pela Polícia Federal na época. A fita cassete resgatada pela reportagem contém 30 minutos de conversas entre uma mãe arrependida e os líderes do tráfico de bebês. São diálogos impressionantes, frios e cruéis.

A repórter Mônica Foltran, que desde o ano passado se interessou pelo tema ao descobrir um grupo de jovens que busca por seus pais biológicos no Brasil, foi a Israel conversar pessoalmente com os adultos que têm, hoje, idades entre 25 e 28 anos. Em Jerusalem e Tel Aviv, Monica testemunhou as feridas nunca curadas: jovens em busca de sua verdadeira identidade e pais adotivos impotentes e tristes diante do sentimento de abandono dos filhos que eles adotaram.

Santa Catarina e o Paraná foram os principais polos de atuação das quadrilhas de compra e venda de bebês. As gangues, extremamente organizadas, continham em seus quadros advogados, juízes, médicos, enfermeiros, funcionários de cartórios e até policiais coniventes. O esquema foi desbaratado em 1986 pela Polícia Federal, que acabou colocando os líderes na cadeia - onde só permaneceram por um ou dois anos e, hoje, usufruem, inclusive, do dinheiro arrecadado na época.

As quadrilhas aliciavam mães em condições vulneráveis, como agricultoras muito pobres ou prostitutas. As mulheres entregavam seus bebês - alguns ainda no ventre - diante da justificativa de que seriam cuidadas por abastadas famílias europeias. Em troca, as mães recebiam um pagamento equivalente a um salário mínimo e mais dinheiro para remédios pós-parto. Os bebês da região Sul eram os preferidos de casais estrangeiros pela sua herança genética e pele clara. Na Europa e no Oriente Médio, eram vendidos por valores entre 10 mil dólares e 40 mil dólares.

Com base nos arquivos da Justiça catarinense e do Paraná, a repórter teve acesso a informações fundamentais para poder localizar mães e filhos. A reportagem de Mônica tem um viés importante no jornalismo contemporâneo: é um dos raros casos nos quais a jornalista não contou com a colaboração policial, nem do Ministério Público e nem de qualquer outro organismo governamental.