
Fórum Respostas Capitais. Crédito: Fernando Gomes.
Gaúcho de São Gabriel, Paulo César Teixeira conhece como poucos a indústria de telecomunicações no Brasil. Após mais de uma década na Vivo, com passagens anteriores pelo sistema Telebras e pela CRT, o executivo comanda a Claro desde abril de 2017. À frente da empresa, comanda um plano de expansão que investiu R$ 8,8 bilhões este ano na ampliação da rede, que tem como objetivo conquistar a liderança do setor. Para contar essa história, foi o convidado do Fórum Respostas Capitais na manhã desta terça-feira (23), na sede da
RBS.
Segundo o CEO, a mudança de uma companhia para outra foi natural. O movimento aconteceu respeitando o período de
non-compete — no qual, por dois anos, tinha o compromisso de não trabalhar em um concorrente.
— O convite foi gratificante. Para quem está na indústria, é muito difícil se afastar. Até tentei ir para outros segmentos, mas sempre acompanhei o setor, me informando e atualizando sobre as novidades — pontuou.
Com o segundo lugar no
market share nacional, a Claro vem atuando com maior ênfase no consumo de dados. Teixeira entende que o avanço da tecnologia mudou o comportamento do cliente.
— O consumo de voz está estável, enquanto o de dados cresce 100% ao ano por usuário. É uma mudança de hábito de consumo em que a voz deixou de ser dominante — explicou.
Infraestrutura para conectar — Um dos principais entraves para o avanço do setor no país, segundo o executivo, é a infraestrutura. O Brasil possui cerca de 80 mil antenas – número semelhante ao de nações muito menores e menos populosas, como Itália e Espanha. Em comparação, a China já chega a 1,8 milhão.
— Não é possível prosperar sem isso. A tecnologia 5G exige uma antena por quadra — alertou. De acordo com Teixeira, o grande problema está no excesso de burocracia: para instalar um novo equipamento, é necessário passar por uma série de processos e por um grande número de instâncias.
Para melhorar a qualidade da conexão – sobretudo em locais com poucos clientes, como em regiões do Interior –, a Claro busca acordo com outras operadoras para o compartilhamento de redes em mercados menores. Essa união, segundo o executivo, aprimoraria o serviço, alcançando mais localidades.
Conteúdo e transformação — Teixeira sinalizou que uma das estratégias da Claro para se diferenciar dos concorrentes é agregar valor oferecendo conteúdo de qualidade aos clientes. Para o futuro, o executivo vê um cenário de grande transformação.
— Nosso setor tem muito conhecimento do perfil dos usuários. Partindo disso e de outras possibilidades que a tecnologia nos traz, vamos conseguir abrir um leque e entrar em outras cadeias de valor — concluiu.
Trajetória incomum — Conduzido pela colunista Marta Sfredo, o Fórum Respostas Capitais é promovido por
Zero Hora.
— Paulo César Teixeira tem uma trajetória pouco comum por aqui. Durante anos, foi o rosto da Vivo. Quando saiu, foi para a Claro. Isso é muito frequente em outros países, mas no Brasil não tanto — disse Marta.
Reunindo convidados para uma entrevista interativa com personagens que pensam e fazem a economia, o evento está em sua 17ª edição. Já trouxe convidados como José Galló, presidente da Lojas Renner, Ricardo Vontobel, sócio da Neugbauer, Clovis Tramontina, presidente da Tramontina, Nelson Eggers, diretor-presidente da Fruki, Julio Mottin Neto, do Grupo Dimed, entre outros.