Thursday, 31 de March de 2016

Diário Gaúcho lança série de reportagens “Refugiados do Tráfico”

Matérias chamam a atenção para as histórias de famílias que têm sua vida impactada diariamente pela violência na região metropolitana de Porto Alegre
Capa Diário Gaúcho_Refugiados do TráficoFamílias expulsas de suas casas, moradores obrigados a vender apartamentos, alunos forçados a abandonar escolas e colégios que fecharam turmas inteiras em função da guerra urbana que ocorre em determinadas áreas da região metropolitana de Porto Alegre. Essa é a realidade dos “Refugiados do Tráfico”, cujas histórias o Diário Gaúcho conta em uma série de reportagens publicada a partir desta quinta-feira (31). – Pensamos em matérias que pudessem fazer a associação entre os conflitos formais existentes no mundo com estes conflitos informais que existem na periferia de Porto Alegre. Mas tem algumas coisas bem pontuais: a forma violenta dos traficantes agirem, cortando cabeças de rivais e executando com dezenas de tiros. A nossa discussão na Redação era como faríamos esta analogia sem sermos levianos – destaca o editor-chefe do Diário Gaúcho, Carlos Etchichury. O jornal do Grupo RBS, segundo maior popular do Brasil conforme o Instituto Verificador de Comunicação (IVC), tem como característica a proximidade com seus leitores, somando mais de 12 mil contatos cadastrados no WhatsApp. E foi justamente este canal aberto que originou a série “Refugiados do Tráfico”. Desesperada após fugir do constante barulho dos tiros e da pressão dos traficantes que a obrigaram a sair de casa, uma leitora procurou o repórter Renato Dorneles para contar seu drama, compartilhado com vizinhos: – Ela não tinha mais a quem recorrer e achou que nós poderíamos ser sua última esperança – conta Renato. Em outro ponto da Redação, o repórter Eduardo Torres vinha acompanhando a situação dramática de crianças que tinham a sua rotina alterada pelo tráfico, com o período de aulas reduzido, prédios fechados por causa de tiroteios. Ao todo, 600 delas tinham abandonado os estudos, mudaram de escola ou precisavam caminhar cerca de três quilômetros a mais para chegarem ao colégio sem passar por dentro de uma comunidade rival: mesmo que não tenham ligação, são vistas como adversárias apenas por morarem em outro local. – A escola é o lugar onde as pessoas são mais afetadas, porque tem gente de todas as partes, tanto das famílias dos criminosos, quanto de pessoas que não têm nada a ver com a guerra – destaca o repórter Eduardo Torres. Durante um mês, nove profissionais estiveram envolvidos diretamente na produção das reportagens, contando com ajudas pontuais do restante da Redação. Coordenado pela editora Letícia Barbieri, o trabalho teve a participação dos repórteres Renato Dorneles e Eduardo Torres, diagramação (on e offline) de Anna Fernandes, programação de Brunno Lorenzoni, edição online do Thiago Stürmer e imagens dos fotógrafos Félix Zucco, Ronaldo Bernardi e Carlos Macedo. – "Refugiados do Tráfico" é o resultado de um trabalho em equipe em que fomos ver, ouvir, sentir como vivem as famílias em áreas conflagradas. Encontramos homens e mulheres expulsos de suas casas, crianças e adolescentes impedidos de frequentar a escola, uma mobilização para evitar que condomínios populares sejam tomados pelos traficantes. Nós apuramos, nos indignamos e agora denunciamos com base no propósito do Grupo RBS – destaca Letícia. O resultado pode ser conferido pelos leitores nas edições que circulam nesta sexta-feira (1°) e no fim de semana (2).